Seca Histórica no Amazonas Afeta Rio Negro e Transporte de Grãos na Região Amazônica

Seca histórica no Rio Negro - Foto: REUTERS/Bruno Kelly
Seca histórica no Rio Negro - Foto: REUTERS/Bruno Kelly

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A região amazônica enfrenta uma seca histórica que está desencadeando uma série de desafios. Além do Rio Negro, que atingiu seu menor nível em 121 anos, também temos barcaças de grãos enfrentando interrupções significativas nas hidrovias da região.

A situação crítica se desdobrou na última segunda-feira (16) quando o Rio Negro, o principal símbolo da seca no Amazonas, atingiu a impressionante marca de 13,59 metros.

O nível registrado no rio foi o menor desde o início das medições em 1902 no porto de Manaus. Dessa forma, canoeiros que dependem da navegabilidade do rio para sobreviver, enfrentam uma queda drástica em suas rendas devido à interrupção das viagens de barco para Manaus.

Esta seca é realmente extraordinária, com o recorde anterior estabelecido em 24 de outubro de 2010, quando o nível do rio chegou a 13,63 metros. E a situação tende a piorar, já que o Rio Negro está diminuindo a uma média de 13 centímetros por dia. Além disso, o Rio Amazonas também está enfrentando dificuldades, o que torna a navegação em áreas como Tefé um verdadeiro desafio.

Mais de 500 mil pessoas no Amazonas foram afetadas pela seca, levando 50 municípios a declarar estado de emergência. Nas áreas rurais, algumas cidades sofrem com a escassez de água potável, alimentos e insumos essenciais.

Na última segunda-feira, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou a alocação de R$225milhões para auxiliar o Amazonas em meio a essa crise sem precedentes. Esta verba é vital para a região, que enfrenta uma emergência humanitária.

Navegação de barcaças interrompidas pela seca - Foto: REUTERS/Bruno Kelly
Navegação de barcaças interrompidas pela seca – Foto: REUTERS/Bruno Kelly

Paralelamente, a seca na região amazônica também está afetando o transporte de grãos, interrompendo as operações de empresas de barcaças.

Os afluentes do Amazonas atingiram seu nível mais baixo em mais de um século. Com isso, resultando na paralisação das operações de transporte de grãos em rios como o Tapajós e o Madeira. A falta de chuvas na região é evidente, com algumas áreas registrando a menor quantidade de precipitação de julho a setembro desde 1980.

Empresas como a Serveporto, que fornecem serviços portuários, alertaram que a estação seca está afetando consideravelmente os portos da Amazônia, principalmente para barcaças com menor calado, o que reduz significativamente a capacidade de carga. Para superar esses desafios, as empresas de transporte de grãos têm recorrido a adaptações operacionais, como o uso de empurradores de manobra em trechos mais rasos.

Além disso, exportadores de grãos brasileiros estão desviando algumas de suas cargas para terminais no Sul e Sudeste do país, em resposta à seca que afeta o Norte do Brasil.

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A rota do Norte tem sido essencial para impulsionar as exportações de milho e soja nos últimos anos, mas agora enfrenta obstáculos significativos.

O governo brasileiro também está tomando medidas, liberando 100 milhões de reais para serviços emergenciais de dragagem na região, a fim de evitar impactos nos custos de frete e prazos de entrega de produtos transportados pelas hidrovias do Arco Norte.

No entanto, a situação continua delicada, e o baixo nível de água afeta não apenas o transporte de grãos, mas também as embarcações que chegam ao porto de Santarém, no Pará. Para garantir a segurança, a Serveporto sugeriu que os navios considerem a ancoragem para reduzir o calado antes de atracar, dada a incerteza das profundidades exatas na chegada.

Em suma, a seca histórica na região amazônica está lançando desafios significativos tanto para o Rio Negro quanto para o transporte de grãos. A situação exige ações imediatas e coordenadas para mitigar seus impactos.

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